Sinal de alerta

Trabalhadores da Santa Casa podem deflagrar greve

Além de reivindicarem o pagamento dos salários, funcionários alertam para o fechamento de serviços pelo SUS; a traumatologia pode parar a partir de dezembro

Jô Folha -

Os trabalhadores da Santa Casa de Pelotas podem deflagrar greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira (13). Os funcionários não lutam apenas pelo pagamento de 70% dos salários de agosto que permanecem pendentes. A categoria quer fazer ecoar a preocupação com a interrupção de serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além de 40 leitos clínicos e da Maternidade, que seguem fechados - sem previsão de reabertura -, agora é a traumatologia que deve parar. A decisão já foi oficializada à prefeitura e o atendimento só está garantido até o final de novembro.

Nesta quarta, a partir das 13h, os trabalhadores reúnem-se para caminhada em direção à prefeitura, onde buscarão apoio para fazer estancar a crise financeira que, além de comprometer a prestação de serviços pelo SUS, coloca os empregos sob risco. A cada parte da estrutura que deixa de ser utilizada, menos funcionários também passam a ser necessários no hospital. "Precisamos de união. Nós é que vamos, com a ajuda da comunidade, reerguer a Santa Casa", destacou a presidente do Sindisaúde, Bianca Macedo da Costa.

O apelo é para a população fazer doações de itens básicos, como alimentos não perecíveis e lençóis. Os funcionários reclamam da falta de condições de trabalho e, alguns, defendem a realização de auditoria nas finanças da instituição que, só com os bancos, possui dívida de cerca de R$ 38 milhões.

Traumatologia deve ser a próxima a parar
A posição já foi formalizada à Secretaria de Saúde de Pelotas: a Santa Casa de Misericórdia quer deixar de ser porta aberta 24 horas em traumatologia pelo SUS. O déficit mensal de aproximadamente R$ 170 mil, para manter o serviço em atividade, ajuda a explicar a decisão. O atendimento, portanto, só está garantido até o final de novembro.

A fase é de negociações. "Estamos buscando a solução para garantir que não haja desassistência", afirma a secretária de Saúde, Ana Costa. Uma das alternativas cogitadas seria a Santa Casa manter as atividades de alta e de média complexidade, em que é referência a todo o município, e uma outra instituição - possivelmente o Hospital Miguel Piltcher ou a Beneficência Portuguesa - assumir o restante dos casos, mais simples.

Uma reunião, marcada para esta quarta, colocará o tema novamente em pauta. O provedor da Santa Casa, Lauro de Melo, deve reivindicar à prefeitura repasse complementar de até R$ 300 mil por mês; verba que ajudaria a cobrir o déficit e ainda contribuir ao pagamento das parcelas das dívidas bancárias, desde 2009 geradas também pelo rombo da traumatologia.

Na prática, a população, infelizmente, acostumou-se a esperar. Cirurgias eletivas, não raro, levam longos meses para ser realizadas.

A palavra da Provedoria
O provedor Lauro de Melo apresenta uma série de cifras e é claro ao falar na grave crise enfrentada pela instituição. A tabela do SUS defasada há 14 anos e os repetidos atrasos no repasse de verbas do Governo do Estado tornam o cenário cada vez mais delicado. "É um ciclo vicioso. Uma bola de neve de dívidas, que torna a situação complicada", desabafa. "É muita covardia para um prestador, que recebe defasado e atrasado e sofre as consequências de juros, mora e outras taxas".

Na segunda-feira, o hospital recebeu R$ 340 mil referentes aos incentivos estaduais do mês de junho. O vermelho no caixa causa reflexos, inclusive, em verbas que poderão ser liberadas pelo governo federal, que encaminha os recursos da alta complexidade, calculados por produção. Sem dinheiro para compra de materiais e insumos, não raro, procedimentos deixam de ser realizados. E as dificuldades financeiras só se agravam. O último repasse da União foi de R$ 860 mil, mas em meses anteriores - com produção elevada em quimio e radioterapia, exames como tomografia e ressonância e procedimentos cirúrgicos - chegou a ultrapassar R$ 1 milhão.

O hospital em números
►1.126 funcionários
►450 médicos
►Capacidade de até 328 leitos
►12 mil internações por ano
►1.050 refeições oferecidas por dia
►Déficit mensal: R$ 1,3 milhão
►Dívida bancária acumulada em R$ 38 milhões
►R$ 1,1 milhão desembolsados por mês só para o financiamento das dívidas bancárias

Duas caminhadas nesta quarta-feira (*)
►Em Socorro à Santa Casa de Pelotas
-Horário: 10h
- Local: em frente à praça Piratinino de Almeida
- Organização: direção do hospital

►Em luta para reerguer a Santa Casa
- Horário: 13h - concentração para o movimento
- Local: em frente à praça Piratinino de Almeida
- Organização: trabalhadores em estado paredista de greve

(*) A comunidade está convidada a se engajar às duas caminhadas. As passeatas têm exatamente o mesmo destino: a prefeitura de Pelotas

Os trabalhadores da Santa Casa de Pelotas podem deflagrar greve por tempo indeterminado a partir de amanhã. Os funcionários não lutam apenas pelo pagamento de 70% dos salários de agosto que permanecem pendentes. A categoria quer fazer ecoar a preocupação com a interrupção de serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além de 40 leitos clínicos e da Maternidade, que seguem fechados - sem previsão de reabertura -, agora é a traumatologia que deve parar. A decisão já foi oficializada à prefeitura e o atendimento só está garantido até o final de novembro.Hoje, a partir das 13h, os trabalhadores reúnem-se para caminhada em direção à prefeitura, onde buscarão apoio para fazer estancar a crise financeira que, além de comprometer a prestação de serviços pelo SUS, coloca os empregos sob risco. A cada parte da estrutura que deixa de ser utilizada, menos funcionários também passam a ser necessários no hospital. "Precisamos de união. Nós é que vamos, com a ajuda da comunidade, reerguer a Santa Casa", destacou a presidente do Sindisaúde, Bianca Macedo da Costa. O apelo é para a população fazer doações de itens básicos, como alimentos não perecíveis e lençóis. Os funcionários reclamam da falta de condições de trabalho e, alguns, defendem a realização de auditoria nas finanças da instituição que, só com os bancos, possui dívida de cerca de R$ 38 milhões.
Traumatologia deve ser a próxima a pararA posição já foi formalizada à Secretaria de Saúde de Pelotas: a Santa Casa de Misericórdia quer deixar de ser porta aberta 24 horas em traumatologia pelo SUS. O déficit mensal de aproximadamente R$ 170 mil, para manter o serviço em atividade, ajuda a explicar a decisão. O atendimento, portanto, só está garantido até o final de novembro. A fase é de negociações. "Estamos buscando a solução para garantir que não haja desassistência", afirma a secretária de Saúde, Ana Costa. Uma das alternativas cogitadas seria a Santa Casa manter as atividades de alta e de média complexidade, em que é referência a todo o município, e uma outra instituição - possivelmente o Hospital Miguel Piltcher ou a Beneficência Portuguesa - assumir o restante dos casos, mais simples.Uma reunião, marcada para hoje, colocará o tema novamente em pauta. O provedor da Santa Casa, Lauro de Melo, deve reivindicar à prefeitura repasse complementar de até R$ 300 mil por mês; verba que ajudaria a cobrir o déficit e ainda contribuir ao pagamento das parcelas das dívidas bancárias, desde 2009 geradas também pelo rombo da traumatologia.Na prática, a população, infelizmente, acostumou-se a esperar. Cirurgias eletivas, não raro, levam longos meses para ser realizadas.
A palavra da ProvedoriaO provedor Lauro de Melo apresenta uma série de cifras e é claro ao falar na grave crise enfrentada pela instituição. A tabela do SUS defasada há 14 anos e os repetidos atrasos no repasse de verbas do Governo do Estado tornam o cenário cada vez mais delicado. "É um ciclo vicioso. Uma bola de neve de dívidas, que torna a situação complicada", desabafa. "É muita covardia para um prestador, que recebe defasado e atrasado e sofre as consequências de juros, mora e outras taxas".Na segunda-feira, o hospital recebeu R$ 340 mil referentes aos incentivos estaduais do mês de junho. O vermelho no caixa causa reflexos, inclusive, em verbas que poderão ser liberadas pelo governo federal, que encaminha os recursos da alta complexidade, calculados por produção. Sem dinheiro para compra de materiais e insumos, não raro, procedimentos deixam de ser realizados. E as dificuldades financeiras só se agravam. O último repasse da União foi de R$ 860 mil, mas em meses anteriores - com produção elevada em quimio e radioterapia, exames como tomografia e ressonância e procedimentos cirúrgicos - chegou a ultrapassar R$ 1 milhão.
O hospital em números - QUADRO- 1.126 funcionários- 450 médicos- Capacidade de até 328 leitos- 12 mil internações por ano- 1.050 refeições oferecidas por dia- Déficit mensal: R$ 1,3 milhão- Dívida bancária acumulada em R$ 38 milhões- R$ 1,1 milhão desembolsados por mês só para o financiamento das dívidas bancárias
Duas caminhadas nesta quarta-feira (*) - QUADRO 2- Em Socorro à Santa Casa de PelotasHorário: 10hLocal: em frente à praça Piratinino de AlmeidaOrganização: direção do hospital
- Em luta para reerguer a Santa CasaHorário: 13h - concentração para o movimentoLocal: em frente à praça Piratinino de AlmeidaOrganização: trabalhadores em estado paredista de greve
(*) A comunidade está convidada a se engajar às duas caminhadas. As passeatas têm exatamente o mesmo destino: a prefeitura de Pelotas

 

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